Nasci, pra perceber um bonito pôr do sol num dia de trânsito brabo, e pra ainda sentir o aroma de um beijo café quando deixado minutos a trás - pairando no ar.
Nasci pra ficar com os pés descalços num dia de calor absurdo..
pra ter a sensação de que ainda terei uma segunda-feira de pijama depois dos meus vinte e poucos anos.
Nasci pra ouvir um harmonioso canto de uma esperança escondida na sala,
pra ser chamada de mãe pelas bonecas, de filha por minha mãe, de amiga por minha vó, de amor, de tia, de MULHER, de luta..
E quem sabe ainda ter burburinhos de uma máquina de escrever, por merecer.
Porque eu nasci pra que em manhãs sorrateiras eu tenha palavras entre os dentes, xêros no pescoço vindo de uma barba mansinha e flores num vidro em um criado mudo.
